O Bambu vem se tornado cada vez mais usual na sociedade, renovável e ecologicamente correto, pode ser usado tanto na fabricação de simples palitos até grandes pontes para automóveis.
Um dos maiores especialistas no assunto, o engenheiro civil iraniano khosrow Ghavami, que leciona na Puc - Rio, nos contou como aproveitar ao máximo esse material “não – convencional”.
Por que o uso do termo não-convencional?
Por que se eu ou qualquer pessoa quiser usar materiais que não sejam de conhecimento do grande público, caso do bambu, por exemplo, não existem normas nem informações sobre isso, então coloquei esse termo, materiais e tecnologia não-convencionais, visto que as convenções estabelecidas pelos paises industrializados destruíram muita coisa boa, Bem antes dessa industrialização centralizada o povo sabia como tratar bambu e outras fibras vegetais, principalmente na Ásia.
Porque o interesse por esse tipo material?
Eu sempre estudei estruturas metálicas, mas a partir de 1979 comecei esse tipo de pesquisa, adaptei os estudos em aço ao bambu, e obtive a resistência igual a do aço.
Vejo nesse tipo de estrutura soluções ecos-sustentáveis e que podem ser desenvolvidas com sucesso, além disso, venho organizando seminários por todo o mundo, para propagar esse novo conceito em construção e preservação ambiental.
Quais as vantagens do uso de bambu na sociedade?
Primeira vantagem, o bambu é um material renovável, eu planto, ele cresce, e após o uso ainda continua crescendo, já o aço, alumínio, petróleo, cimento, são materiais poluentes e limitados;
Segundo, para a produção de materiais de construção como aço e cimento, nos produzimos uma grande quantidade de co2, atacando assim a camada de ozônio, pois para cada tonelada de aço produzido, se produz quase três toneladas de co2 que são jogados na atmosfera, do outro lado temos o bambu, um material natural que absorve o CO2 e pode ter plantação planejada, conseguindo dessa forma economia com o transporte desses materiais diminuindo a emissão de poluentes gerados no uso de veículos.
Terceiro, temos uma tecnologia em aço que precisa ser especializada e custa caro, já com o bambu, podemos treinar as pessoas do local, o que gera mais empregos, afinal, se trata de um material de fácil manuseio.
Sem contar o lado econômico, porque quanto mais plantarmos Bambu, poderemos negociar os créditos de Carbono, ganhando dinheiro e melhorando a qualidade de vida brasileira.
Quais as aplicações que podem ser feitas com o bambu?
Desde a comida, como Broto de bambu, desodorante de bambu, maleta de bambu chegando a móveis, carros, e conseqüentemente chega a engenharia civil através de casas palacetes e pontes de médio e grande porte.
Como esse material é beneficiado até ficar pronto para o uso nas aplicações e transformações em objetos e estruturas?
Você pode usar vários tipos de processos, ele pode ser defumado com alcatrão para perder a umidade e ficar imune a fungos e insetos, ele pode passar por um tratamento químico que vai deixá-lo pronto para o uso, pode também se utilizada uma autoclave industrial, para fazer a esterilização e preparação por calor, que é um processo rápido e eficiente, também em imersão em diesel, esses processos podem ser aprendidos com facilidade e utilizados para diferentes finalidades, mas o que é importante ressaltar, e que no final você tem um material resistente, barato e que serve para diversos fins, substituindo assim, os materiais convencionais e poluentes, por um produto com qualidade e que preserva a natureza.
Qual a melhor maneira de encarar essa realidade?
Eu estou tentando mudar a forma de raciocinar, em vez de construir tudo com materiais convencionais, eu digo, vamos construir casa de bambu, carro de bambu, mudando a metodologia de pensar, o que está faltando nos países em desenvolvimento é a confiança em sua inteligência, quero dizer que nos temos capacidade de gerar nossa indústria, eu quando comecei a pesquisar bambu diziam: “mas a cultura brasileira não aceita esse tipo de produto”, ai eu vi que eles tinham certa razão, pois quando cheguei ao Brasil, vi que a bebida mais popular era a Coca-cola, a comida era do MC Donald’s, as roupas eram jeans, os tennis Nike e Mizuno, que é muito brasileira, né? Essa coisa de que cultura Brasileira não aceita esses materiais vem a ser uma besteira, pois o problema é que estamos constantemente globalizados, recebendo produtos que não são produzidos com os nossos recursos, com o nosso estilo cultural, no Brasil faz calor. Então por que temos que usar terno e gravata?Reflete Ghavami.
“O que está faltando nos países em desenvolvimento é a confiança em sua inteligência”
Khosrow Ghavami
www.abmtenc.civ.puc-rio.br
bamboo.ning.com/profile/KhosrowGhavami
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