quarta-feira, 6 de outubro de 2010

As mulheres derrubando seus adversários

por Jéssica Pires

É fato que a presença da mulher no esporte é algo relativamente novo. Como o esporte tem em sua essência influências culturais e sociais, a mulher só se fez presente com sua inserção na produção econômica da sociedade, ou seja, com sua entrada no mercado de trabalho (o que ocorreu após a Revolução Industrial do século XVIII) e com o próprio desenvolvimento da indústria cultural junto à sociedade industrial, com maior disponibilidade de tempo livre, consumo, estilo de vida e preocupações com a saúde o que propiciou a incorporação crescente da população à prática das atividades esportivas, sem distinção de sexo. Já participando desse meio em que há mulher ainda sofre preconceito, a atleta ainda precisa provar sua competência de forma diferenciada para ganhar espaço.

O esporte em geral é algo tão estereotipado como masculino que até mesmo as apresentações, coberturas e edições jornalísticas eram feitas em sua grande maioria, exclusivamente por homens, algo que vem mudando com apresentadoras em rede aberta e fechada de TV como Glenda Koslowski, Renata Fan, etc .

Em artes macias isso ainda é mais discutível. O espaço e a aceitação da mulher nesse meio vêm crescendo bastante, mas ainda não é algo comum.


O Judô, por exemplo, tem como seus principais objetivos fortalecer o físico, a mente e o espírito de forma integrada, para além de desenvolver técnicas de defesa pessoal. Em 1980, o primeiro campeonato mundial de judô para mulheres era estabelecido. O judô feminino estava na cena a sete ou oito anos antes, iniciando sem marcas entre países como na Europa em 1975, nas competições continentais. E foi apenas quando os torneios estavam estabelecidos em todos os continentes que a FIJ (Federação Internacional de Judô) concordou em promover o campeonato mundial para mulheres. Esse ano o Brasil conquistou, além de tudo, um marco na história: Mayra Aguiar conquistou a primeira prata brasileira em mundiais de judô feminino.

Mayra Aguiar, de apenas 19 anos, foi a grata surpresa brasileira no primeiro dia do Mundial de Judô, disputado no Japão, conquistando para o Brasil a inédita medalha de prata, na categoria -78kg. Na final, ela perdeu o ouro para a americana Kayla Harrison.

Até então, o judô feminino brasileiro só havia conquistado medalhas de bronze em mundiais. Edinanci Silva terminou em terceiro em 1997 e 2003, e Danielle Zangrando em 1995.

Para chegar à decisão, Mayra derrotou primeiro a sul-coreana Gyeong-Mi Jeong por yuko. Depois passou por ippon (hansokumake) pela cubana Yalennis Castillo, e com outro ippon eliminou a chinesa Xiuli Yang. Na semifinal, a brasileira derrotou a alemã Heide Wollert, com outro ippon.

Mayra Aguiar da Silva (Porto Alegre, 3 de agosto de 1991) é uma judoca brasileira.

- Ganhou a medalha de prata na categoria até 70 kg nos Jogos Panamericanos de 2007.

- Em 2010 ganhou a medalha de prata na categoria -78kg no Mundial de Judô de Tokio.

Recepção de Mayra em Porto Alegre após sua conquista

Fonte: Site da Confederação Brasileira de Judô

No Rio de Janeiro podemos encontrar alguns projetos e institutos que incentivam a participação da mulher na luta. Um exemplo é o Instituto Reação, uma ONG fundada pelo medalhista olímpico Flavio Canto que atende jovens e crianças em comunidades de baixa renda com o objetivo de incluí-los em atividades de cunho social, cultural, ambiental e educacional através do Judô.

Outro exemplo é o Judô Mabe, que através da Escola Mabe, situada na Rua Riachuelo, no Centro do Rio desenvolve a prática do judô com crianças e jovens. O projeto foi criado em 1988 por Josemar Aran Castro, que hoje é técnico e coordenador do projeto que possui outros pólos pelo Rio de Janeiro.

Em visita a sede da escola : Dentre muitas atletas Flávia Alves Gomes, de apenas 11 anos, se destaca. Flavinha, como é chamada pelo professor e pelo grupo, já conquistou a Copa Rio e o Carioca de judô.

Flavia começou a praticar a luta com quatro anos, por influência de seu pai, e se encantou pelo esporte, segundo ela. Muito orgulhosa, a atleta comenta sobre a conquista de Mayra Aguiar com emoção: “Ela mostrou para muita gente que o judô também é esporte de mulher”. E acrescenta: “Esporte, luta, não tem sexo, basta interesse e determinação. Conheço meninas bem melhores que meninos. O que importa é o apoio da minha família e amigos.” O professor orgulhoso de Flavinha e dos demais alunos foi atleta da Universidade Gama Filho e do Clube de Regatas do Flamengo e enfatiza a dedicação e empenho da menina. Segundo ele é necessário que meninas como Flavia, devem receber motivação e incentivo, pois apesar de toda a discriminação que ainda há no esporte, todos são iguais em cima do tatame.

Para saber mais sobre o Judô Mabe

http://josemarjudo.blogspot.com/

http://www.judomabe.com.br/6636.html

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