segunda-feira, 29 de novembro de 2010

FICHA LIMPA

O ex candidato a vice-presidente, Índio da Costa, fala sobre o desinteresse dos jovens pela política. Diz como foi a elaboração do projeto de lei que mais se debateu nestas eleições, e comenta sobre sua integração com as redes sociais

por Netto Jordão

Índio da Costa é formado em Direito pela Universidade Candido Mendes, Ipanema, e pós graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autor do livro A Reforma do Poder e entrou para a política em 1996, participando do governo de Cesar Maia na prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.

Foi vereador no Rio de Janeiro entre 1997 e 2007. Em 2001, integrou a Secretaria Municipal de Administração do Rio de Janeiro. Já 2006, foi eleito deputado federal, assumindo no ano seguinte. Na Câmara dos Deputados, fez parte da equipe da CPMI dos Cartões Corporativos.

Em 2010, Índio da Costa foi convidado pelo ex candidato a Presidência da República, José Serra, do PSDB. Contrariando as pesquisas de intenção de voto, Índio e Serra foram para o segundo turno, mas foram superados pela candidata do PT, Dilma Rousseff.

1 – Como é ser político em um país onde reina a corrupção e a impunidade?

Muitas vezes desanimo. Por isso fui relator do Ficha Limpa, Lei que criou regras para afastar de cargos eletivos pessoas condenadas por grau colegiado. Poucos acreditavam, mas foi possível e valerá para 2010.

2 – Há como reverter o estereótipo de que todo político é ladrão? Como? A maioria dos políticos é de gente séria e a população sabe distinguir. Tem uma faixa do eleitorado que vota sem saber por que e em quem. Outra faixa reclama, mas não participa. Esse processo se reverte com cultura e educação.

3 – Você é a favor da descriminalização da maconha? Por quê?

As drogas aumentam muito o custo da saúde pública. O problema é muito mais complexo que fumar ou não maconha.

4 – Em sua opinião, qual fator foi determinante para o que o Ficha Limpa fosse sancionado?

Os líderes do Governo na Câmara e no Senado –deputado Vacarezza/PT e Senador Romero Jucá/PMDB- disseram claramente na TV que o Ficha Limpa não era prioridade deste governo. Falavam a verdade e atrapalharam o que puderam na tramitação do projeto de lei. No entanto, há um grupo parlamentar sintonizado com a população e que se interessa por qualificar a vida pública no País. A pressão popular nos deu condições de crescermos sobre os corruptos e os que cometem crimes eleitorais para se elegerem. Ser um ano eleitoral nos ajudou a pressionar os partidos aliados do governo e o presidente Lula.

5 – Você foi o relator do projeto Ficha Limpa. Como foi o tramite deste processo até sua aprovação como lei?

Ninguém queria assumir a relatoria porque as propostas que restringem direitos de quem tem mandato são impopulares entre os políticos. Minha tarefa como relator do Ficha Limpa foi analisar doze projetos de lei similares, que havia no Congresso desde 1993 e juntá-las em um único texto, que tivesse maioria dos votos internamente para ser aprovado. O texto base foi o apelidado de Ficha Limpa de iniciativa popular. Houve momentos de muita dificuldade. A imprensa e as redes sociais ajudaram muito! Por conta deste debate, meu Twitter pulou de 1.5 mil para mais de 26 mil seguidores, de todo o Brasil. Meu site que tinha 46 mil pessoas cadastradas pulou para quase 100 mil. Todos em busca de informações sobre o projeto. Respondi cada email que recebi. Diferentes Orkut e Facebook foram criados para nos dar apoio. Entrevistado pelo Jô Soares, dei o número do meu celular no ar e isso me permitiu ter contato com cerca de 2 mil brasileiros em poucos dias. Uma verdadeira loucura, mas que tinha um propósito. Aproveitei o contato por celular e sms para montar uma guerrilha. Na dia da votação do Ficha Limpa, eu tinha apoio de 2 mil voluntários de todo o Brasil, que me seguia pelo Twitter e ligava para os celulares dos deputados federais que imaginávamos que seriam contra. Enfim, foi um processo intenso de 3 meses desde que assumi a relatoria até aprovação na Câmara e em seguida no Senado. Em geral, um projeto de lei como este não é aprovado. E quando o é leva cerce de 10 anos. Graças à sociedade participativa conseguimos avançar!

6 – Como é a elaboração de um Projeto de Lei? Que aspectos devem ser levados em consideração?

O Ficha Limpa foi elaborado por um juiz eleitoral e proposto por uma ONG chamada Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral. Os aspectos mais importantes são a constitucionalidade, juridicidade e o mérito (o que está sendo proposto de fato).

7 – Fale um pouco sobre o projeto de lei proposto pelo senhor, que estabelece a publicação do TSE em seu site, dos antecedentes criminais de determinado candidato

Esse meu projeto de lei foi derrubado na Comissão de Constituição e Justiça pelo deputado José Genuíno do PT. Não me acostumei com a idéia e enviei o texto ao TSE. Dois meses depois o presidente do Tribunal Superior Eleitoral publicou uma resolução definindo que o site oficial do TSE publicará os antecedentes criminais de cada candidato, mesmo antes de termos aprovado o Ficha Limpa e já para as próximas eleições. A idéia é oferecer transparência e informações de cada candidato ao eleitor na hora de escolher seus candidatos.

8 – O senhor possui um projeto que visa cassar os benefícios de um criminoso que cumpre a pena (menor que dois anos) em liberdade sem seguir rigorosamente as imposições feitas pelo juiz. Entretanto, o índice de criminosos que não voltam para as prisões após a liberdade condicional é alto. Qual a relevância deste projeto? Não seria mais viável acabar com a liberdade condicional?

Sou favorável às algemas eletrônicas para acompanhar os criminosos em liberdade condicional e muito rigor para que não saiam do que foi estabelecido pelo juiz.

9 – O senhor é a favor de que câmeras de vigilância sejam instaladas em salas de aula para monitorar crianças de até seis anos de idade? Importante para evitar a pedofilia entre outros problemas.

10 – O presidente Lula obteve, em seu mandato, percentuais recordes de aprovação da população em sua gestão. O projeto Ficha Limpa mobilizou mais de 4 milhões de pessoas. Você acredita que a população está mais “íntima” dos políticos e mais participativa na sociedade nos dias de hoje? Como isso pode beneficiar o país?

A ditadura afastou toda uma geração da política. Finalmente voltamos à democracia que prevê a participação da população permanentemente. As redes sociais atraem os jovens para a política, e estamos voltando ao tempo em que a política era feita com idéias e propostas; não com dinheiro.

11 – Como avalia a gestão do Presidente Lula?

Tenho respeito pelo presidente Lula. Acredito que ele deseja fazer o melhor para o Brasil. Como todo político quer entrar para a história como alguém que fez diferença, ajudou as pessoas que mais precisavam. No entanto, pelo que vejo o Brasil levará décadas para reintegrar à sociedade as pessoas que se tornaram dependentes do Estado. Os beneficiados destas bolsas família, gás, geladeira, etc não estão vinculadas à nenhum mérito ou esforço. Recebem porque são pobres e estão proibidos de trabalhar. O estado do Bem Estar foi criado para garantir apoio e não dependência. Infelizmente, as bolsas não são instrumentos de integração social como deveriam ser. Quem assina carteira perde o benefício e muitos entendem que a bolsa é um direito garantido e não um apoio temporário. Nenhum esforço foi feito pelo atual governo para que estas pessoas deixem de depender do governo e é por isso que os impostos só tendem a subir. São poucos produzindo e muitos dependendo. Um erro. Uma maldade, pois a liberdade só existe quando se é capaz de pagar suas próprias contas e não ficar dependente dos governos A ou B. Melhor seria oferecer uma espécie de bolsa conteúdo para que estas pessoas tenham apoio financeiro para sair da miséria, e não se tornar dependente de esmola estatal. O outro programa é o PAC; esse não chegou nem na metade do prometido.

12 – Pretende se candidatar à Presidência da República futuramente? Presidência da República é destino, não vontade pessoal. Se não me engano essa frase é do Tancredo. Concordo.

13 – Qual seu sonho como político?

Nossa, são muitos! Sonho em contribuir para livrar o mundo e o Brasil da dependência do petróleo, que além de não ser renovável contribui com o aquecimento global. Sonho em desenvolver modelos racionais de recuperação ecológica para compensar o estrago feito. Sonho em reduzir impostos e ampliar a eficiência e eficácia da máquina pública no Brasil, provei que é possível reduzir o custeio da burocracia quando fui secretário municipal de administração. Sonho em tornar o Rio um lugar seguro para se viver e isso vai muito além das promissoras UPPs. Sonho que as filas dos hospitais virem algo do passado, com acesso à saúde preventiva para todos. Sonho que a universalização da educação seja acompanhada de qualidade e não apenas de mais vagas para embromar as crianças e seus pais. Sonho que a educação de 1º e 2º graus adotem o ensino profissionalizante em todas as suas escolas. Sonho que as creches públicas deixem de ser depositório de crianças e passem a educá-las. Sonho que os corruptos sejam punidos e não protegidos por quem tem poder para julgá-los. Sobretudo sonho que a forma de se fazer política seja cada vez mais democrática e transparente.

14 – Qual sua maior alegria e tristeza na carreira política?

A maior alegria foi ter aprovado o Ficha Limpa. A maior tristeza foi o meu partido ter vetado minha candidatura a prefeito em 2008.

15 - Como a Educação em nosso país poderia melhorar?
Investindo pesado no ensino fundamental, na alfabetização e aproximando as matérias ensinadas da realidade do mercado. O MEC peca quando define um currículo desatualizado. Passamos do mundo analógico!

16 - - Uma frase?!
Não corra em busca de seus objetivos, apenas vá na direção certa que você chega lá. Para isso, duas palavras: Fé e Foco!


17 – Que recado deixaria para seus futuros eleitores?

Quando as pessoas de bem se afastam da política os corruptos aumentam seu poder. Quem compra voto se beneficia do vácuo deixado por eleitores que votem em qualquer candidato em troca de cerveja ou churrasco. O voto nulo contribui para eleger aliados de bandidos de toda espécie.


GUERRA OU PAZ?

Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) mudam a vida de moradores da Tijuca

por Netto Jordão

A Tijuca, bairro localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, possui uma área territorial de 1.006,56 ha, com 56.980 domicílios que abrigam cerca de 164 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (censo de 200). O bairro abriga, também, a maior floresta urbana do mundo, com quase 4 mil hectares.

No entanto, o espaço demográfico favoreceu o crescimento desordenado da população, que começou a ocupar os diversos morros e encostas sem nenhuma infra-estrutura ou segurança. Os traficantes encontraram nesses morros o local ideal para a venda e proliferação de drogas. A violência sempre foi uma preocupação dos habitantes da Tijuca, assaltos e tiroteios faziam parte do cotidiano dos moradores.

Neste ano, o Morro do Borel, o maior do bairro, recebeu a primeira UPP da Zona Norte, e a oitava do Rio de Janeiro. A comunidade da Formiga, morro vizinho ao Borel, também foi ocupada pela polícia. Segundo o governador reeleito, Sergio Cabral, todas as comunidades da Tijuca terão UPPs até o fim de 2010. O anúncio foi feito durante o “International Drug Enforcement Conference, o maior evento internacional antidrogas.

Segundo o porteiro Valdir Marcos, de 39 anos, morador do Morro da Formiga, a UPP trouxe tranqüilidade e satisfação para a comunidade. “Antigamente era tiroteio todo dia. Eu e minha família tínhamos que dormir no chão, com medo das balas perdidas. Sem o tráfico, o confronto com a polícia acabou e com ele os tiros sem direção”, afirmou.

Para o comerciante Jorge Alberto, que trabalha há 17 anos na Tijuca, as UPP’s deram mais tranqüilidade ao comércio e, consequentemente, aos moradores. “Já tive que fechar minhas portas diversas vezes a mando do tráfico. Quando algum traficante ou algum morador da comunidade morre ou é baleado, quem sofre as conseqüências somos nós, pois somos impedidos de trabalhar. Hoje em dia, eu vou trabalhar com muito mais tranqüilidade, a sensação de segurança aumentou e, com isso, a pessoas saem mais à rua e fazem mais compras. O número de assaltos reduziu bastante”, disse o comerciante com ar de satisfação.

De acordo com o estudante de direito e morador do bairro, Luiz Zamith, a violência pode ter melhorado, mas é necessário intensificar o patrulhamento. “A violência não está somente nos morros e nas comunidades. Está nas ruas, nas calçadas, em todos os lugares. Os traficantes que não estão mais nas favelas estão nas ruas, à espera de uma nova vítima. Temos visto diversos arrastões acontecerem, e isso é um reflexo da repressão das UPP’s. A polícia não deve se focar somente nas favelas, o policiamento deve ser uniforme, dentro das comunidades e nas ruas”, disse.

As Unidades de Polícia Pacificadora conquistaram a confiança e o apreço dos moradores do bairro, que prezaram por uma política de segurança mais efetiva e intensa. Resta saber se o projeto continuará sendo eficaz e progressivo. A tijuca ainda possui inúmeras favelas à serem pacificadas.

Consumação Mínima?!

Boates e clubes cariocas estabelecem o quanto você deve ou não beber


por Netto Jordão


Até onde vai o seu limite? Para as boates mais badaladas da cidade o seu limite varia de acordo com a hora em que você entra.

Não é somente o preço do ingresso que aumenta conforme a noite vai caindo, a quantidade que você “deve” consumir está intimamente ligada ao horário e ao preço que você pagou. E quem paga mais, quer fazer valer o preço, portanto, consome mais.

As casas noturnas anexam ao preço do ingresso uma consumação mínima (R$50,00 com R$ 40,00 de consumação na boate Symbol, que fica no Centro, por exemplo. No Club Six, na rua das marrecas - Cinelândia, após meia noite homens pagam R$ 45 e mulheres R$ 35, o que dá direito a beber cerveja e destilados sem nenhuma moderação. O limite fica por conta do horário, até as 4 da manhã. Após você pode continuar bebendo, contanto que pague), com isso, os jovens começam a beber cada vez mais cedo, e sem nenhuma moderação. Ao estipular uma quantidade mínima de consumo, o jovem se vê livre para usufruir o que está disponível ao seu crédito e nos bares (pois essas casas disponibilizam diversos bares ao longo de sua estrutura).

Segundo uma pesquisa da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o Brasil detém o primeiro lugar do mundo no consumo de destilados de cachaça e é o quinto maior produtor de cerveja da qual, só a Ambev, produz 35 milhões de garrafas por dia.

Sabe-se que o álcool é responsável pela maioria dos acidentes de trânsito, porque altera a percepção do espaço, do tempo e a capacidade de enxergar bem.

Embora medidas como a Lei Seca tenham sido criadas para conter os acidentes no trânsito, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas vai muito além de acidentes automobilísticos. Assim como as drogas mais pesadas, ele afeta o condicionamento mental e físico de seus usuários, afeta o relacionamento e a capacidade de discernimento das pessoas, causa dependência, doenças e muito mais.

A quantidade máxima permitida segundo o Código Nacional de Trânsito, é 0,6 gramas de álcool por litro de sangue. Esta concentração é equivalente a beber cerca de 600ml de cerveja (duas latas de cerveja ou três copos de chope), 200ml de vinho (duas taças) ou 80ml de destilados (duas doses).

Ao contrário do que o Código de Trânsito estipula como quantidade máxima permitida, as noites cariocas não fazem nenhuma mensuração de quantidade, na verdade “quanto mais, melhor”.

Segundo a médica Josiane Rose Petry Veronese, em pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas e Psicotrópicos, órgão ligado à Escola Paulista de Medicina, entre estudantes da rede estadual de primeiro e segundo graus da cidade de São Paulo, revelou que 70,04% dos jovens começam a beber entre os 10 e os 12 anos de idade.

Considerada a maior doença social deste tempo, o alcoolismo atinge cerca de 10% da população mundial.


Fique Ligado (Sóbrio)

• "Uma pessoa que adquire o hábito de beber vai desencadear aquela série de etapas que envolvem a dependência física e psicológica do álcool. A freqüência do 'beber' produz o aumento da tolerância ao álcool, ou seja, a pessoa passa a consumir volumes crescentes da bebida para ter os mesmos efeitos", explica o Dr. Alexandre Dietrich. "O organismo passa a necessitar de doses alcoólicas para realizar as funções cotidianas, e a pessoa passa a não se sentir bem sem o álcool", completa o médico;

• Alcoolismo é uma doença? De onde vêm as causas?
Sim, o alcoolismo pode ser considerado uma doença crônica. É caracterizado pela compulsão (necessidade forte ou desejo incontrolável de beber); Perda do controle (não consegue estabelecer um limite para parar de beber); Dependência física (manifestações físicas quando para de beber e que são aliviadas com o consumo de álcool ou outra droga sedativa); tolerância (necessidade constante de elevar as dose para obter o mesmo efeito). Embora as condições ambientais influenciem a ingestão alcoólica, muitos indivíduos correm o risco de desenvolver o alcoolismo por causa de fatores genéticos, que são transmitidos de geração a geração.

Visite o site: http://www.brazil-brasil.com/content/view/455/78/ e confira na íntegra entrevista realizada com um médico especializado no assunto. Neste site, você ainda pode realizar um teste para saber se é, ou não, alcoólatra.

“Meu mandato tem muita determinação”

Comunicadora, apresentadora, atriz e, é claro, deputada estadual.

por André Luiz Nunes


Determinação, rigor e trabalho estão entre as palavras-chaves que definem a deputada Cidinha Campos (PDT), que chega a seu 3º mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), à frente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar fatos relativos a denúncias de corrupção contra conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio. Conhecida pela firmeza de suas atitudes e discursos, a parlamentar confessa ser uma mulher muito família e presente, mas admite não fazer o tipo dócil. “Doce comigo, só na cozinha”, comenta a deputada, grande apreciadora da culinária. “Tenho um grande prazer em cozinhar final de semana, coleciono receitas e tenho um arquivo com gastronomias de outros países, receitas que provo e adapto”, contou a também professora de piano, dizendo que agradar aos familiares na refeição é como ganhar aplausos.

Qual a expectativa que a senhora tem em relação aos trabalhos da CPI até o momento?

Pelo material que temos, dá para perceber que os conselheiros só foram poupados até agora pela Justiça e não porque descobrimos que não eram envolvidos, pelo contrário. Cada vez mais vamos ganhando certeza do envolvimento deles e nós só não podemos aprofundar as investigações por determinação judicial. Mas já temos até um parecer do Ministério Público favorável à CPI, onde o órgão ressalta que ela é, inclusive, obrigatória. A casa também tem dado todo o apoio necessário à realização deste trabalho, mas a gente nunca sabe no que vai dar.

E sobre a Comissão de Defesa do Consumidor que a senhora preside?

Quando começamos não tínhamos nada informatizado. A pessoa ia reclamar e tinha uma pastinha da pessoa. Hoje temos muitas pessoas boas trabalhando com a gente, mas ainda precisamos de alguma maneira aprimorar este atendimento. Nosso trabalho na comissão é um legado para a Alerj, que um dia vai deixar de ser administrado por mim E o mais importante para mim na comissão é justamente este legado de ações, de cadastro, enfim, implementamos algo que é para sempre na Casa a favor da população.

A Lei 5.530/09, de sua autoria, foi aprovada numa enquete na internet por 75% das pessoas.

A lei prevê que os apenados submetidos ao cumprimento de pena nos regimes aberto e semi-aberto, quando em atividades fora do estabelecimento prisional, serão monitorados por equipamentos de rastreamento eletrônico. Vamos encontrar algumas resistências nesta lei porque ela acaba com o poder de barganha de alguns presos famosos com alguns setores da sociedade. Já estou com uma audiência marcada com o governador e espero que consigamos cumprir esta determinação. Quero saber do Poder Executivo se há planos de como comprar os equipamentos.

Qual a avaliação que a senhora faz deste seu mandato?

Acho que meu mandato tem muita determinação. Quando eu gosto de uma coisa vou fazendo até o fim e as pessoas percebem isso. Eu gosto muito de trabalhar, venho à Casa todos os dias, quero sempre estar por dentro de tudo e cobro muito de meus funcionários, que são os melhores da Alerj. Sou muito dedicada ao meu mandato e é bom demais fazer o que a gente gosta. Artista diz muito isso, mas aí é mole né? Trabalhar como um louco - quem trabalha – em política e ser tachado de ladrão é muito chato. Ninguém ousa falar isso de mim, pelo contrário, mas acho que é injusto até com grande parte da classe política porque há muita gente justa e honesta trabalhando aqui.

Mudando de assunto. Após 17 anos longe da televisão, como foi a reestréia na telinha?

Voltar a mídia depois de todo esse tempo foi uma surpresa enorme tanto para a população quanto para mim. Eu não contava mais em fazer televisão depois de quase 20 anos sem exercer a profissão. Agora com 68 anos aceitei mais esse desafio de voltar as minhas origens. Não hesitarei em emitir minha opinião sobre qualquer assunto, doa a quem doer. Pretendo usar o espaço do programa para informar sobre assuntos relevantes acontecidos na Alerj, como, por exemplo, uma votação de projeto de lei importante. Temos que estar no Legislativo, Executivo, Judiciário, na rua, enfim, não só na Alerj. Sempre que decisões que envolvam o Estado do Rio forem tomadas, serão noticiadas e argumentadas por mim.

E como é a Cidinha fora do trabalho?

Estou sempre concentrada em várias coisas ao mesmo tempo. Consigo ler um processo da CPI, saber o que tem na televisão, que meu cachorro está do meu lado e pensar no que vai ser servido no jantar. Sou uma pessoa família, que cobra muito, e as pessoas sabem que sou assim, mas que não sou má. Sou uma pessoa com quem podem contar, incapaz de uma indignidade, de fazer uma maldade com alguém. Participo da vida de meus filhos e neta ao máximo que posso. E, em casa, o único ser vivo que tripudia de mim é Bruno, meu yorkshire, que tem cinco anos. Ele é o único que pode tudo comigo. E, em homenagem a ele, tenho a autoria de uma lei (5.048/07) que proíbe qualquer cirurgia que vise à eliminação do latido de cães ou miado de gatos, salvo nos casos em que o procedimento cirúrgico seja vital para salvar a vida do animal.

Rio Comic Con

por André Luiz Nunes



Após 17 anos cidade volta a receber grande evento de histórias em quadrinhos

Palco de duas grandes bienais de quadrinhos, em 1991 e 1993, após 17 anos a cidade do Rio de Janeiro volta a sediar um evento de histórias em quadrinhos e cultura pop de porte internacional. O Rio Comic Con, que teve como tema a vida urbana, ocorreu entre os dias 9 e 14 de novembro, na antiga estação Leopoldina, São Cristovão. Oficinas, palestras e, principalmente, debates discutindo o futuro dos quadrinhos e os quadrinhos autorais marcaram o evento. Entre os convidados, dois consagrados quadrinistas foram os destaques da programação: o italiano Milo Manara e o inglês Kevin O’Neill.

Manara, é conhecido pelo traço realista e pelos enredos eróticos que cria há quase 40 anos, como Os Bórgia e a série Click. Já O’Neill, consagrou-se como o ilustrador da Liga Extraordinária, história escrita pelo também inglês Alan Moore. Uma das representantes femininas com destaque no mundo dos quadrinhos, praticamente dominado por homens, está a americana Melinda Gebbie, co-autora com o marido Allan Moore, responsável pelo roteiro e diálogos de Lost Girls, um quadrinho erótico que faz alusão a três grandes personagens femininas da ficção: Alice, de Lewis Carrol, Dorothy, de O Mágico de Oz e Wendy, de Peter Pan. Entre os brasileiros, os destaques são os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, Allan Sieber, Andre Dahmer, Arnaldo Branco, Angeli, Maurício de Souza e Lourenço Mutarelli.

Promovido pela Casa 21, conhecida já dos leitores e fãs de quadrinhos por ser promotora do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte). O Rio Comic Con adotou uma fórmula diferente e novidades em relação ao FIQ, segundo Roberto Ribeiro, um dos organizadores da Casa 21, como, por exemplo, a transmissão pela internet dos principais eventos. Ribeiro explica que a escolha do nome não implica em um enfoque em super-heróis – como é a San Diego Comic Con. “O nome foi selecionado para facilitar os convites aos autores internacionais e o evento se baseará nos moldes de convenções como a Napoli ComiCon e o Comica, de Londres”, afirma.