quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Olhares sociais em um click!


por Jéssica Pires

Fábio Gama Soares Evangelista, (28), assina suas fotos como Fabio Caffé, apelido que ganhou de seus colegas do curso de cinema da UFF- Niterói. Modelo de amor e entrega à fotografia, desde 2006 Fabio é fotógrafo documentarista, formado pela Escola de Fotógrafos Populares da Maré, projeto vinculado a ONG Observatório de Favelas, localizada na Favela da Maré, Rio de Janeiro. Hoje, além de professor de turmas ele desenvolve documentações fotográficas com os valores aprendidos na escola e está finalizando seu curso de cinema.
A Escola de Fotógrafos Populares é coordenada pelo grande fotógrafo documentarista João Roberto Ripper, Kita Pedroza e nomes como Dante Gastaldoni. Iniciando suas atividades em maio de 2004, com aulas diárias, realizadas na Casa de Cultura da Maré em um espaço cedido pelo Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré - CEASM tem como objetivo principal formar fotógrafos documentaristas que valorizem as suas próprias identidades e as de suas comunidades mostrando principalmente os aspectos positivos dos espaços populares. O programa de aulas oferece acesso a discussões temáticas que abrangem desde a questão da construção do olhar e do uso da linguagem fotográfica como forma de percepção e expressão ideológica de conceitos até a análise de trabalhos que fundaram as noções de foto documental e fotojornalismo e como a dimensão ética se impõe sobre a produção fotográfica contemporânea.


Caffé, como conheceu e surgiu a ideia de fazer parte da Escola de Fotográfos Populares ?
Sou aluno de cinema da UFF (Universidade Federal Fluminense). Em 2006, fui aluno da disciplina Linguagem Fotográfica ministrada pelo professor Dante Gastaldoni. Este foi um período em que aconteceu uma greve na UFF. Como as aulas passaram pelo carnaval, Dante sugeriu que quem quisesse podia fazer o ensaio fotográfico sobre o tema. Eu sou apaixonado por carnaval, então resolvi fotografar algum bloco . Mas quis fotografar algum bloco diferente, resolvi fotografar o bloco Prazeres da Vida que é composto por prostitutas e pessoas que trabalham na ONG Davida que atua na valorização da identidade e saúde de prostitutas.
Assim fotografei alguns dos ensaios e o desfile do bloco. À medida que eu ia fotografando, ia mostrando ao Dante que vendo que eu estava interessado em fotografia me convidou para conhecer a Escola Popular de Comunicação Crítica (ESPOCC). Assim, fui até lá. Fui tão bem recebido e devido também a qualidade das aulas comecei a freqüentar todos os dias. Isso foi em abril de 2006, logo em seguida em maio de 2006, começou a turma da Escola de Fotógrafos Populares daquele ano, então comecei como ouvinte e logo depois passei a ser aluno normalmente inscrito. Ter estudado na Escola foi uma experiência fantástica, porque são muitos ricas as relações de amizade, solidariedade, respeito que são surgindo e se fortalecendo durante o período da Escola e até mesmo depois dos alunos se formarem. Isso aliado aos ensinamentos de João Roberto Ripper, Dante Gastaldoni, Ricardo Funari, dentre outros, ajudam a vivenciar a fotografia como projeto de vida e que pode ajudar nas transformações sociais. Assim teve início a minha trajetória na fotografia documental.
Você está finalizando seu curso com uma tese sobre uma possível "inclusão visual" através da inclusão social. Unindo a sua experiência de convivência com comunidades do Rio de Janeiro à sua tese, até que ponto você acredita que a fotografia e outras disseminações da cultura e da arte podem incluir alguma classe/comunidadade excluída socialmente?

Vou falar mais sobre a fotografia, que é a área com a qual tenho mais contato. Os moradores de favelas e demais espaços populares (áreas indígenas, quilombolas, camponesas) estão incluídos pela imprensa tradicional, mas estes veículos infelizmente na maioria das vezes mostram as favelas e seus moradores somente pelo viés da tragédia, da violência. Acredito que a fotografia pode ajudar no processo da realização de outras representações e perspectivas das favelas e de seus moradores. Assim podemos ter um outro tipo de inclusão, a inclusão pelos aspectos positivos, uma inclusão que respeite a vida das pessoas. A fotografia na qual acreditamos tenta mostrar a beleza, esperança, dignidade, sonhos, tristezas existentes na vida dos moradores das favelas. O geógrafo Milton Santos tem um livro chamado Por Uma Outra Globalização, então aqui podemos falar em Por Uma Outra Inclusão.
O Ripper sempre diz que o fotógrafo deve ir com humildade aprender com as pessoa fotografadas e estar aberto para esta interação. E como é mágico poder aprender com pessoas tão carinhosas, generosas, guerreiras que têm tantos ensinamentos para compartilhar conosco. Tentamos sempre seguir este ideal. "Alguém que sempre cito e considero exemplo é o Seu Joaquim, morador da Nova Holanda (Complexo da Maré) há muitos anos. Ele é paraibano e veio para o RJ num pau de arara, inicialmente foi morar no Morro do Timbau, depois foi morar na Nova Holanda onde mora até hoje. Seu Joaquim já teve várias profissões, atualmente trabalha como marceneiro e vendedor de cloro. Seu Joaquim é de uma simpatia incrível e tem uma memória privilegiada – lembra de todos os presidentes com exatidão de data e tudo,e ano passado ele até deu aula na Escola de Fotógrafos Populares e foi uma das aulas que os alunos mais gostaram."
Ripper também sempre diz que o mais importante é o respeito pela pessoa fotografada. Também tentamos sempre seguir este ideal. Isso faz com que nossas fotografias sejam úteis aos moradores das favelas, isso é muito importante, porque não basta apenas a fotografia ser bonita esteticamente, ela deve servir para os fotografados, das mais diversas formas. Desde o reconhecimento das pessoas se sentindo bonitas ou vendo que o local onde moram é bonito e representa arte (apesar dos problemas) até os casos onde nossas fotografias auxiliam os moradores na luta contra a violência policial. Tentamos sempre retornar as fotografias para as pessoas fotografadas, isso é o mínimo que podemos fazer, uma vez que sempre somos recebidos com muito carinho, alegria e as pessoas confiam no nosso trabalho. O fotógrafo Ratão Diniz (que também já foi aluno e hoje é professor da escola) diz uma coisa muito bonita: uma das partes mais sensíveis de uma pessoa é a imagem dela, então temos que ter muito carinho e ética na maneira como utilizaremos estas fotografias. Porque a fotografia não termina na hora do click, ela continua na edição e na distribuição desta imagem. Assim no trabalho que desenvolvemos a ética, estética e política estão o tempo todo entrelaçadas. Isso norteia o nosso trabalho. A fotografia (realizada pelos fotógrafos do Imagens do Povo, do Favela em Foco e de uma série de outros projetos que participo) ajuda a incluir a favela e os seus moradores pelos seus aspectos positivos, além de auxiliar na geração de renda desses fotógrafos.


De forma técnica e humana, de que forma direitos humanos podem ser aplicados e contextualizados em comunidades que pouco tem noção desses conceitos ?
O Ripper sempre costuma citar o Artigo 19 da Declaração dos direitos humanos que diz:
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. (http://www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php)
Então a fotografia assim como outras ferramentas: vídeo, rádio, blog,... podem ser usados para a produção de informações indo de encontro a este artigo da Declaração dos Direitos Humanos. Temos um questionamento: se segundo a própria Declaração dos Direitos humanos diz que todos tem direito de transmitir ideias e informações, porque o fato de só pessoas com diplomas, ou alguma relevância social e cultural (no seu meio) tem liberdade de produzir informações? Uma coisa não exclui a outra. Outra forma na qual a fotografia pode contribuir é que na medida em que o processo fotográfico é compartilhado com as pessoas fotografadas, as próprias pessoas vão dizendo como aquelas fotografias podem ajudá-las, e ajudar suas comunidades, com a informação fotográfica.
O que são direitos humanos? Acredito que sejam valores universais de respeito a vida e a dignidade das pessoas. Assim ao mostrar os espaços populares de maneira sincera em seus mais diversos aspectos: alegria, sonhos, brincadeiras, tristezas, dores, estamos utilizando a fotografia como forma de reconhecimento e valorização dos direitos humanos, na medida em que as idéias e percepções daquelas pessoas que não tem espaço e oportunidade para difundi-las, possam a fazer por meio da imagem. O Ripper diz também que fotografar é reconhecer valores e quando você reconhece valor em si e no outro, o mundo muda de maneira muito bonita. Isso é um projeto de vida.
Pelo que você já teve oportunidade de conhecer você considera suficiente os projetos existentes no Rio de Janeiro que investem e tem comprometimento com a inclusão social ? O que você acha que pode ser feito unindo-se a cultura e a arte ?
Essa é uma boa pergunta. Talvez eu não saiba responder. Não tenho uma idéia da dimensão dos diversos projetos existentes no Rio de Janeiro com esse compromisso com a inclusão social. Cada projeto tem sua particularidade, e suas respectivas linguagens, seja na fotografia, vídeo, teatro, música, e como consequência disso as experiências também são muito particulares. Mas acredito que é fundamental haver um maior diálogo entre esses projetos, para que possamos aprender e ensinar de maneira coletiva, e com isso, com uma maior e melhor organização, são maiores as chances de realizarmos transformações mais profundas na sociedade.
A arte é um campo infinito de possibilidades. Estas artes podem estar em constante diálogo. Seja na mistura de linguagens ( ex: teatro e fotografia, fotografia e música,...) ou em intervenções pela cidade, (isso é fundamental – a arte e cultura não estarem restritas aos museus, espaços de arte, ela deve estar na rua) e acrescentando a educação, nossa potência aumenta muito de força. Segundo uma educadora, que não me recordo o nome agora: "toda artista tem um papel educador e todo educador pode ser artista, algo assim". Logo, as escolas têm um papel fundamental neste processo. É fundamental dialogar com as escolas e isso desde o momento que a criança começa a estudar no maternal. Um simples exemplo pode ser a incorporação de técnicas simples de fotografia com as aulas de física, poderiam ser criadas câmaras escuras pelos alunos e professores.
Também acredito na mistura de saberes – o popular e o acadêmico devem se misturar, como num mangue (lembrando Chico Sciense), porque o que acontece em várias áreas da vida é a hierarquização onde o saber acadêmico é considerado mais importante que o saber popular, mas quem disse que tem que ser assim? Na verdade precisamos muito parar com a lógica de dicotomias: Popular x erudito, ...E tentar perceber que todo conhecimento é importante seja ele realizado onde quer que seja. E por fim, os projetos devem dialogar com o poder público (como falei a respeito da escola) de maneira crítica e não de maneira passiva. Porque é preciso que o Estado participe também deste processo de maneira democrática estando aberto para aprender com as pessoas e não apenas para gerar estatística.
O que te acrescentou e acrescenta como profissional e cidadão a experiência com o Observatório de Favelas ?
Talvez essa seja a primeira vez que alguém me pergunta isso, mas sou muito grato ao Observatório de Favelas por ter me permitido ter acesso a Escola de Fotógrafos Populares. A Escola é um lugar muito especial para mim, em primeiro lugar pelos meus amigos (alunos, ex-alunos, professores) e pelo conteúdo ao qual temos acesso. A Escola vai além do ensino da técnica fotográfica, são discutidas questões éticas da atitude do fotógrafo, são realizadas discussões sobre como a favela é representada pela imprensa tradicional. A Escola acredita no potencial das pessoas, no caráter humanista do ensino e não apenas ser mera estatística. Isso me ajudou muito a entender meu papel de cidadão no mundo onde posso colaborar com as transformações sociais. Além disso, o Observatório proporciona uma infra – estrutura de grande qualidade, pois lá temos um laboratório com 12 computadores destinado ao uso dos fotógrafos do Imagens do Povo. Isso me ajudou no processo de me tornar um fotógrafo profissional. Além disso, o ambiente do Observatório de Favelas é muito acolhedor onde as relações de amizade e solidariedade são valorizadas e estimuladas.


Obs: A Escola de Fotógrafos Populares faz parte do Imagens do Povo, que é composto pela Escola de Fotógrafos Populares, agência fotográfica e banco de imagens. (www.imagensdopovo.org.br)
favelaemfoco.wordpress.com
Site do Ripper: www.imagenshumanas.com.br

é um dos finalistas do concurso do Prix Photo Web 2010 com o projeto "Crianças em Favelas Cariocas"
O projeto está disponível para votação no enderço abaixo
http://www.prixphotoaliancafrancesa.com/vote_popular.php?id=44095
www.flickr.com/fabiocaffe


REVIRAVOLTA PROFISSIONAL SEM MEDO DE MUDANÇAS

Mesmo com opiniões contrárias, Beatriz Cunha foi atrás do que a fazia feliz

por Thatiane Dias



Aos 25 anos Beatriz Cunha, hoje fotógrafa, tomou uma grande decisão profissional que mudara toda a sua vida. Ela que trabalhava em uma seguradora de veículos como administradora de redes na época, após ver um Globo Repórter sobre hobbies que viram profissões, percebeu que não tinha nenhum e que sua vida se resumia a faculdade, trabalho, trabalho, faculdade, então começou a pensar no assunto até que ao olhar uma foto em uma revista viu que esse poderia ser seu passatempo. Hoje aos 33 o hobby como no programa é a sua profissão e que essa descoberta fez toda diferença.

“Quando eu vi o programa, pensei : gente o que posso fazer? Vi que gostava de foto e resolvi fazer um cursinho de fotografia, na mesma época peguei uma revista e quando virei a página dei de cara com uma propaganda da Demillus e aí pensei é isso mesmo que quero fazer” fala com entusiasmo na voz. Logo após descobrir sua nova paixão pediu demissão do emprego o que não foi fácil “Várias pessoas me criticaram, porque diziam que eu ia largar uma profissão estável para se aventurar em uma nova, mas bati o pé e disse que ia, que queria!”

Enquanto fazia um de seus cursos foi convidada para fotografar um curso de modelo e manequim do Senac, sendo este seu primeiro trabalho como fotógrafa, aí as coisas começaram a acontecer.

Onze meses depois de ter pedido demissão no dia 15 de fevereiro de 2003 ganhou um concurso da Rede Globo Mulheres Apaixonadas “Me lembro como se fosse hoje” Comenta. Em outubro do mesmo ano começou seu primeiro trabalho profissional no Jornal O Povo, seu primeiro contato com imprensa. “A experiência foi maravilhosa” conta ela com orgulho de seu começo de carreira “O jornal O Povo é completamente policial, então foi ali que eu consegui tirar alguns medos, foi o que me deu base para o trabalho que eu desenvolvo hoje. Como lidar com situações de conflito, como conseguir uma foto. Eu gostei, fiquei oito meses, mas é claro que tinha uma pautas que eu ia nervosa, com medo ainda” Dessa época uma de suas lembranças foi o conflito entre o Vidigal e a Rocinha “Tinha uma fotografa que passava a frente dos policias para fotografá-los subindo, chegou uma hora que o comandante gritou pra ela ‘Caralho, sai da minha frente porra! Vou te dar um tiro na cabeça! Se tiver um vagabundo atrás de você eu vou atirar e vou acertar em você!’ Cara a adrenalina foi nas alturas, a sensação que eu tinha que a minha blusa era um papel, não esqueço essa sensação até hoje e tinha “coleguinhas” repórteres de colete a prova de bala, e eu ali só de blusinha.”



Saiu do jornal e foi trabalhar com política em Araruama na época de eleição, gostou da experiência, mas não pretende trabalhar de novo com isso. “Não gosto de política é uma coisa que não me atrai, fotografia política”. Em 2005 foi convidada pra fazer parte da revista do O Fluminense e depois de um tempo acabou integrando o jornal também, em todas as áreas. “Foi um período sensacional, pois a maioria das matérias eram agendadas, tinha mais tempo pra se programar, mas a pressão era muito grande, apesar de as pessoas acharem que revista é mais tranqüilo. O jornal O Povo me deu o start, me deu a base, mas no Fluminense foi onde construí as paredes, fui fazendo o reboco, colocando as janelas” conclui.

Em 2008 recebeu mais um desafio, um convite para trabalhar com publicidade, uma modalidade que ainda não tinha feito. Mas a decisão não foi fácil “Pensei, caramba! Vou ter que sair do jornal, trancar a faculdade, o que eu faço? Mas eu parei e vi que ia ser melhor para mim, porque é uma oportunidade única, pois é difícil conseguir vaga de assistente de fotógrafo, o salário era menor do que o do jornal, mas eu não estava visando o valor financeiro, estava pensando no valor profissional, o que se aprende com um profissional da área não tem preço, se fosse assim eu não teria saído da seguradora lá atrás, o que adianta receber bem se não estou feliz? O negócio é estar feliz, porque quando você está bem com o que você faz o dinheiro vem. Eu levei dois anos e meio pra chegar ao patamar que cheguei no na época de informática, em um ano como fotógrafa eu cheguei no mesmo valor.”

Hoje, depois de oito anos de carreira, trabalha como free-lance. “Misturei tudo, cada coisa que eu vou fazer eu uso um pouquinho daquilo que aprendi em todo esse processo”

Em seu ultimo trabalho no Copacabana Palace, recebeu uma grande resposta do seu trabalho quando a produtora contou a ela o porquê de tê-la chamado para o evento. “Eu escolhi você porque suas fotos são humanas é próxima da realidade, você vê a foto, você participa do que aconteceu, o que é engraçado é que vários fotógrafos que eu já trabalhei, e olha que trabalho com vários, parece que eles compram uma cartilha leem a cartilha e só fazem aquilo que está escrito na cartilha, você não, você faz completamente diferente, por isso que eu gosto de suas fotos!” fala com orgulho.



Saiu do estúdio em 2009 e ficou fazendo “freela” pra uma agência “Logo depois calhou de fazer a campanha da Patrícia Amorim, por uma outra agência, fiquei o tempo todo ali com ela, todos os dias da semana. Em janeiro desse ano comecei a pegar outros trabalhos, casamentos, carnaval, eventos, festas infantis, books e tudo mais, sem restrição. Eu to há um ano e meio de “freela” eu não lembro de ter ligado pra ninguém pra oferecer meu trabalho, basicamente meu trabalho tem sido por indicação e eu não fico sem trabalhar.”

Quando perguntei o que ela mais gostava de fotografar a resposta foi o resumo de como essa virada foi importante em sua vida “Eu gosto de fotografar tudo, adoro fazer Moda Fashion Rio, Hipismo, eventos, não tem uma coisa específica, porque eu realmente gosto do que faço. Só política que não.” Seu desejo agora é fazer foto submarina e fórmula 1 que estão entre as poucas coisas que ainda não fotografou.



A coisa mais bizarra que aconteceu em sua carreira foi ter fotografado um morto no dia 25 de dezembro “Foi o primeiro morto que fotografei, um traficante chamado Skol, no morro da Lagartixa, como eu nunca tinha feito isso fiquei um pouco com medo da minha reação, então entrei já na capela onde estava o corpo jogado em cima de uma mesa e coloquei a máquina no olho, e já comecei a fotografar, fiz as fotos numa boa, mas quando tirei foi péssimo, ele tava destruído, da barriga pra cima era só tiro” Bia conseguiu desse fato tirar uma foto poética, em meio a violência “Eu era sempre assim depois que fazia o feijão com arroz começava a viajar na parte artística” A foto que foi publicada foi comentada por todo mundo. Muitos inclusive acharam que ela tinha feito uma montagem pra fazer a foto, mas ela foi incisiva “Você acha que vou perder meu tempo fazendo montagem?” responde indignada.


Coronel da PM fala sobre a semana de violência no Rio

por Talita Dupret

O Rio de Janeiro está vivendo uma onda de violência gerada pela insatisfação dos traficantes com as implantações das UPPs ( Unidades de Policia pacificadora). Como resposta às opressões feitas ao trafico pela policia carioca, os traficantes estão espalhando terror pela cidade através de incêndios públicos e privados e troca de tiros na rua em plena luz do dia. O coronel do quartel central da PM, Carlos Sampaio, responsável pela pelo quartel central da PMERJ, fala sobre a ação da polícia nesta situação que o Rio esta vivendo e como ela será continuada para a melhoria da segurança no estado.


Coronel, quando as UPPs se instalaram nos morros cariocas não houve confronto com traficantes devido ao prévio anuncio feito pela policia através da imprensa. Essa onda de violência é uma resposta a essa operação? E a polícia já esperava alguma reação parecida?

R: O papel da PM é combater o crime e o trafico no Rio de Janeiro. E é claro que bandidos e traficantes vão sempre tentar enfrentar esse combate. A intenção deles é implantar o terror, por isso a queimada de veículos. A insatisfação e reação destes marginais com a UPP já era prevista pela policia. É o preço que o Rio paga por combater o trafico. Mas é um sinal que esta dando certo, que o traficante esta perdendo território e contra isso ele vai reagir. Mas o estado do RJ junto com as policias militar e civil estão prontos para continuar esse confronto visando o melhor do estado.

Esta sendo divulgado na imprensa que as duas maiores facções criminosas do Rio estão se unindo nesses atentados de violência. Como a policia encara essa situação?

R: Veja bem, não é uma união, é uma trégua. E mais um sinal de fraqueza destes traficantes que, por estarem perdendo território e posição devido a severa atuação policial, precisavam de força para lutar contra isso. Infelizmente no meio desta “guerra” está população carioca. Mas a intenção da polícia é derrotar esses bandidos e coloca-los no seu devido lugar, que é a cadeia.

Também foi citado como motivo desta revolta a transferência de presos que seriam chefes destas facções, e que inclusive estariam comandando essas ações de traficantes de dentro do presídio. Como a polícia pode trabalhar contra essas orquestrações?

R: Se existe comunicação destes traficantes dentro de um presídio de segurança máxima é porque a fiscalização é falha de alguma forma. Porém no momento que estamos vivendo este não foi o estopim. A insatisfação destes traficantes com a atual postura da polícia no Rio já era prevista e, mesmo que não houvesse essas transferências elas seriam esperadas.

O governo do estado segue com o plano de ampliar a presença da polícia nas ruas. Esta estratégia está funcionando?

R: Apesar dos cinco dias de conflito, está funcionando, sim. As intensidades das ações diminuíram. A principal missão da Polícia Militar era garantir que as vias expressas ficassem liberadas: Avenida Brasil, Linha Vermelha e Linha Amarela. Aquelas formações de traficantes que chamamos de “bondes” não circularam no Rio de Janeiro. As ações do tráfico foram específicas de jovens tentando queimar carros nas ruas. Então a Polícia Militar foi bem sucedida.

Como a população deve agir nessa situação? Afinal todos têm que trabalhar, levar filhos a escola. As pessoas devem evitar sair nas ruas, ou ter algum cuidado especial?

R: Nenhum cidadão tem que se trancar em casa. A polícia está nas ruas trabalhando justamente para isso. É claro que, frente a essa situação, é preciso andar atento nas ruas para algum tipo de acontecimento. Mas o cidadão tem que continuar vida normal.

E como a polícia vai continuar a ação neste quadro de violência para acalmar a população?

R: A intenção destes marginais ao fazer esses tipos de ataque é implantar o terror na sociedade. Contra isso a policia militar não recuará e enfrentará com força. Já foi aumentado o efetivo policial nas ruas com o intuito de proteger o cidadão carioca. Como eu já disse, essa é uma reposta ao combate ao trafico que infelizmente temos que sofrer. Mas os planos traçados pelo estado com o apoio das policia é correto e vai ser seguido fielmente. O nosso objetivo e trazer a segurança para os moradores da cidade do Rio de Janeiro.