quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

REVIRAVOLTA PROFISSIONAL SEM MEDO DE MUDANÇAS

Mesmo com opiniões contrárias, Beatriz Cunha foi atrás do que a fazia feliz

por Thatiane Dias



Aos 25 anos Beatriz Cunha, hoje fotógrafa, tomou uma grande decisão profissional que mudara toda a sua vida. Ela que trabalhava em uma seguradora de veículos como administradora de redes na época, após ver um Globo Repórter sobre hobbies que viram profissões, percebeu que não tinha nenhum e que sua vida se resumia a faculdade, trabalho, trabalho, faculdade, então começou a pensar no assunto até que ao olhar uma foto em uma revista viu que esse poderia ser seu passatempo. Hoje aos 33 o hobby como no programa é a sua profissão e que essa descoberta fez toda diferença.

“Quando eu vi o programa, pensei : gente o que posso fazer? Vi que gostava de foto e resolvi fazer um cursinho de fotografia, na mesma época peguei uma revista e quando virei a página dei de cara com uma propaganda da Demillus e aí pensei é isso mesmo que quero fazer” fala com entusiasmo na voz. Logo após descobrir sua nova paixão pediu demissão do emprego o que não foi fácil “Várias pessoas me criticaram, porque diziam que eu ia largar uma profissão estável para se aventurar em uma nova, mas bati o pé e disse que ia, que queria!”

Enquanto fazia um de seus cursos foi convidada para fotografar um curso de modelo e manequim do Senac, sendo este seu primeiro trabalho como fotógrafa, aí as coisas começaram a acontecer.

Onze meses depois de ter pedido demissão no dia 15 de fevereiro de 2003 ganhou um concurso da Rede Globo Mulheres Apaixonadas “Me lembro como se fosse hoje” Comenta. Em outubro do mesmo ano começou seu primeiro trabalho profissional no Jornal O Povo, seu primeiro contato com imprensa. “A experiência foi maravilhosa” conta ela com orgulho de seu começo de carreira “O jornal O Povo é completamente policial, então foi ali que eu consegui tirar alguns medos, foi o que me deu base para o trabalho que eu desenvolvo hoje. Como lidar com situações de conflito, como conseguir uma foto. Eu gostei, fiquei oito meses, mas é claro que tinha uma pautas que eu ia nervosa, com medo ainda” Dessa época uma de suas lembranças foi o conflito entre o Vidigal e a Rocinha “Tinha uma fotografa que passava a frente dos policias para fotografá-los subindo, chegou uma hora que o comandante gritou pra ela ‘Caralho, sai da minha frente porra! Vou te dar um tiro na cabeça! Se tiver um vagabundo atrás de você eu vou atirar e vou acertar em você!’ Cara a adrenalina foi nas alturas, a sensação que eu tinha que a minha blusa era um papel, não esqueço essa sensação até hoje e tinha “coleguinhas” repórteres de colete a prova de bala, e eu ali só de blusinha.”



Saiu do jornal e foi trabalhar com política em Araruama na época de eleição, gostou da experiência, mas não pretende trabalhar de novo com isso. “Não gosto de política é uma coisa que não me atrai, fotografia política”. Em 2005 foi convidada pra fazer parte da revista do O Fluminense e depois de um tempo acabou integrando o jornal também, em todas as áreas. “Foi um período sensacional, pois a maioria das matérias eram agendadas, tinha mais tempo pra se programar, mas a pressão era muito grande, apesar de as pessoas acharem que revista é mais tranqüilo. O jornal O Povo me deu o start, me deu a base, mas no Fluminense foi onde construí as paredes, fui fazendo o reboco, colocando as janelas” conclui.

Em 2008 recebeu mais um desafio, um convite para trabalhar com publicidade, uma modalidade que ainda não tinha feito. Mas a decisão não foi fácil “Pensei, caramba! Vou ter que sair do jornal, trancar a faculdade, o que eu faço? Mas eu parei e vi que ia ser melhor para mim, porque é uma oportunidade única, pois é difícil conseguir vaga de assistente de fotógrafo, o salário era menor do que o do jornal, mas eu não estava visando o valor financeiro, estava pensando no valor profissional, o que se aprende com um profissional da área não tem preço, se fosse assim eu não teria saído da seguradora lá atrás, o que adianta receber bem se não estou feliz? O negócio é estar feliz, porque quando você está bem com o que você faz o dinheiro vem. Eu levei dois anos e meio pra chegar ao patamar que cheguei no na época de informática, em um ano como fotógrafa eu cheguei no mesmo valor.”

Hoje, depois de oito anos de carreira, trabalha como free-lance. “Misturei tudo, cada coisa que eu vou fazer eu uso um pouquinho daquilo que aprendi em todo esse processo”

Em seu ultimo trabalho no Copacabana Palace, recebeu uma grande resposta do seu trabalho quando a produtora contou a ela o porquê de tê-la chamado para o evento. “Eu escolhi você porque suas fotos são humanas é próxima da realidade, você vê a foto, você participa do que aconteceu, o que é engraçado é que vários fotógrafos que eu já trabalhei, e olha que trabalho com vários, parece que eles compram uma cartilha leem a cartilha e só fazem aquilo que está escrito na cartilha, você não, você faz completamente diferente, por isso que eu gosto de suas fotos!” fala com orgulho.



Saiu do estúdio em 2009 e ficou fazendo “freela” pra uma agência “Logo depois calhou de fazer a campanha da Patrícia Amorim, por uma outra agência, fiquei o tempo todo ali com ela, todos os dias da semana. Em janeiro desse ano comecei a pegar outros trabalhos, casamentos, carnaval, eventos, festas infantis, books e tudo mais, sem restrição. Eu to há um ano e meio de “freela” eu não lembro de ter ligado pra ninguém pra oferecer meu trabalho, basicamente meu trabalho tem sido por indicação e eu não fico sem trabalhar.”

Quando perguntei o que ela mais gostava de fotografar a resposta foi o resumo de como essa virada foi importante em sua vida “Eu gosto de fotografar tudo, adoro fazer Moda Fashion Rio, Hipismo, eventos, não tem uma coisa específica, porque eu realmente gosto do que faço. Só política que não.” Seu desejo agora é fazer foto submarina e fórmula 1 que estão entre as poucas coisas que ainda não fotografou.



A coisa mais bizarra que aconteceu em sua carreira foi ter fotografado um morto no dia 25 de dezembro “Foi o primeiro morto que fotografei, um traficante chamado Skol, no morro da Lagartixa, como eu nunca tinha feito isso fiquei um pouco com medo da minha reação, então entrei já na capela onde estava o corpo jogado em cima de uma mesa e coloquei a máquina no olho, e já comecei a fotografar, fiz as fotos numa boa, mas quando tirei foi péssimo, ele tava destruído, da barriga pra cima era só tiro” Bia conseguiu desse fato tirar uma foto poética, em meio a violência “Eu era sempre assim depois que fazia o feijão com arroz começava a viajar na parte artística” A foto que foi publicada foi comentada por todo mundo. Muitos inclusive acharam que ela tinha feito uma montagem pra fazer a foto, mas ela foi incisiva “Você acha que vou perder meu tempo fazendo montagem?” responde indignada.


Nenhum comentário:

Postar um comentário