segunda-feira, 29 de novembro de 2010

GUERRA OU PAZ?

Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) mudam a vida de moradores da Tijuca

por Netto Jordão

A Tijuca, bairro localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, possui uma área territorial de 1.006,56 ha, com 56.980 domicílios que abrigam cerca de 164 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (censo de 200). O bairro abriga, também, a maior floresta urbana do mundo, com quase 4 mil hectares.

No entanto, o espaço demográfico favoreceu o crescimento desordenado da população, que começou a ocupar os diversos morros e encostas sem nenhuma infra-estrutura ou segurança. Os traficantes encontraram nesses morros o local ideal para a venda e proliferação de drogas. A violência sempre foi uma preocupação dos habitantes da Tijuca, assaltos e tiroteios faziam parte do cotidiano dos moradores.

Neste ano, o Morro do Borel, o maior do bairro, recebeu a primeira UPP da Zona Norte, e a oitava do Rio de Janeiro. A comunidade da Formiga, morro vizinho ao Borel, também foi ocupada pela polícia. Segundo o governador reeleito, Sergio Cabral, todas as comunidades da Tijuca terão UPPs até o fim de 2010. O anúncio foi feito durante o “International Drug Enforcement Conference, o maior evento internacional antidrogas.

Segundo o porteiro Valdir Marcos, de 39 anos, morador do Morro da Formiga, a UPP trouxe tranqüilidade e satisfação para a comunidade. “Antigamente era tiroteio todo dia. Eu e minha família tínhamos que dormir no chão, com medo das balas perdidas. Sem o tráfico, o confronto com a polícia acabou e com ele os tiros sem direção”, afirmou.

Para o comerciante Jorge Alberto, que trabalha há 17 anos na Tijuca, as UPP’s deram mais tranqüilidade ao comércio e, consequentemente, aos moradores. “Já tive que fechar minhas portas diversas vezes a mando do tráfico. Quando algum traficante ou algum morador da comunidade morre ou é baleado, quem sofre as conseqüências somos nós, pois somos impedidos de trabalhar. Hoje em dia, eu vou trabalhar com muito mais tranqüilidade, a sensação de segurança aumentou e, com isso, a pessoas saem mais à rua e fazem mais compras. O número de assaltos reduziu bastante”, disse o comerciante com ar de satisfação.

De acordo com o estudante de direito e morador do bairro, Luiz Zamith, a violência pode ter melhorado, mas é necessário intensificar o patrulhamento. “A violência não está somente nos morros e nas comunidades. Está nas ruas, nas calçadas, em todos os lugares. Os traficantes que não estão mais nas favelas estão nas ruas, à espera de uma nova vítima. Temos visto diversos arrastões acontecerem, e isso é um reflexo da repressão das UPP’s. A polícia não deve se focar somente nas favelas, o policiamento deve ser uniforme, dentro das comunidades e nas ruas”, disse.

As Unidades de Polícia Pacificadora conquistaram a confiança e o apreço dos moradores do bairro, que prezaram por uma política de segurança mais efetiva e intensa. Resta saber se o projeto continuará sendo eficaz e progressivo. A tijuca ainda possui inúmeras favelas à serem pacificadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário