segunda-feira, 29 de novembro de 2010

“Meu mandato tem muita determinação”

Comunicadora, apresentadora, atriz e, é claro, deputada estadual.

por André Luiz Nunes


Determinação, rigor e trabalho estão entre as palavras-chaves que definem a deputada Cidinha Campos (PDT), que chega a seu 3º mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), à frente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar fatos relativos a denúncias de corrupção contra conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio. Conhecida pela firmeza de suas atitudes e discursos, a parlamentar confessa ser uma mulher muito família e presente, mas admite não fazer o tipo dócil. “Doce comigo, só na cozinha”, comenta a deputada, grande apreciadora da culinária. “Tenho um grande prazer em cozinhar final de semana, coleciono receitas e tenho um arquivo com gastronomias de outros países, receitas que provo e adapto”, contou a também professora de piano, dizendo que agradar aos familiares na refeição é como ganhar aplausos.

Qual a expectativa que a senhora tem em relação aos trabalhos da CPI até o momento?

Pelo material que temos, dá para perceber que os conselheiros só foram poupados até agora pela Justiça e não porque descobrimos que não eram envolvidos, pelo contrário. Cada vez mais vamos ganhando certeza do envolvimento deles e nós só não podemos aprofundar as investigações por determinação judicial. Mas já temos até um parecer do Ministério Público favorável à CPI, onde o órgão ressalta que ela é, inclusive, obrigatória. A casa também tem dado todo o apoio necessário à realização deste trabalho, mas a gente nunca sabe no que vai dar.

E sobre a Comissão de Defesa do Consumidor que a senhora preside?

Quando começamos não tínhamos nada informatizado. A pessoa ia reclamar e tinha uma pastinha da pessoa. Hoje temos muitas pessoas boas trabalhando com a gente, mas ainda precisamos de alguma maneira aprimorar este atendimento. Nosso trabalho na comissão é um legado para a Alerj, que um dia vai deixar de ser administrado por mim E o mais importante para mim na comissão é justamente este legado de ações, de cadastro, enfim, implementamos algo que é para sempre na Casa a favor da população.

A Lei 5.530/09, de sua autoria, foi aprovada numa enquete na internet por 75% das pessoas.

A lei prevê que os apenados submetidos ao cumprimento de pena nos regimes aberto e semi-aberto, quando em atividades fora do estabelecimento prisional, serão monitorados por equipamentos de rastreamento eletrônico. Vamos encontrar algumas resistências nesta lei porque ela acaba com o poder de barganha de alguns presos famosos com alguns setores da sociedade. Já estou com uma audiência marcada com o governador e espero que consigamos cumprir esta determinação. Quero saber do Poder Executivo se há planos de como comprar os equipamentos.

Qual a avaliação que a senhora faz deste seu mandato?

Acho que meu mandato tem muita determinação. Quando eu gosto de uma coisa vou fazendo até o fim e as pessoas percebem isso. Eu gosto muito de trabalhar, venho à Casa todos os dias, quero sempre estar por dentro de tudo e cobro muito de meus funcionários, que são os melhores da Alerj. Sou muito dedicada ao meu mandato e é bom demais fazer o que a gente gosta. Artista diz muito isso, mas aí é mole né? Trabalhar como um louco - quem trabalha – em política e ser tachado de ladrão é muito chato. Ninguém ousa falar isso de mim, pelo contrário, mas acho que é injusto até com grande parte da classe política porque há muita gente justa e honesta trabalhando aqui.

Mudando de assunto. Após 17 anos longe da televisão, como foi a reestréia na telinha?

Voltar a mídia depois de todo esse tempo foi uma surpresa enorme tanto para a população quanto para mim. Eu não contava mais em fazer televisão depois de quase 20 anos sem exercer a profissão. Agora com 68 anos aceitei mais esse desafio de voltar as minhas origens. Não hesitarei em emitir minha opinião sobre qualquer assunto, doa a quem doer. Pretendo usar o espaço do programa para informar sobre assuntos relevantes acontecidos na Alerj, como, por exemplo, uma votação de projeto de lei importante. Temos que estar no Legislativo, Executivo, Judiciário, na rua, enfim, não só na Alerj. Sempre que decisões que envolvam o Estado do Rio forem tomadas, serão noticiadas e argumentadas por mim.

E como é a Cidinha fora do trabalho?

Estou sempre concentrada em várias coisas ao mesmo tempo. Consigo ler um processo da CPI, saber o que tem na televisão, que meu cachorro está do meu lado e pensar no que vai ser servido no jantar. Sou uma pessoa família, que cobra muito, e as pessoas sabem que sou assim, mas que não sou má. Sou uma pessoa com quem podem contar, incapaz de uma indignidade, de fazer uma maldade com alguém. Participo da vida de meus filhos e neta ao máximo que posso. E, em casa, o único ser vivo que tripudia de mim é Bruno, meu yorkshire, que tem cinco anos. Ele é o único que pode tudo comigo. E, em homenagem a ele, tenho a autoria de uma lei (5.048/07) que proíbe qualquer cirurgia que vise à eliminação do latido de cães ou miado de gatos, salvo nos casos em que o procedimento cirúrgico seja vital para salvar a vida do animal.

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